Infecção do coronavírus na boca pode explicar perda de olfato e paladar | Veja Saúde

Uma equipe internacional de cientistas encontrou evidências de que o coronavírus também pode infectar células da boca, e que essa região produziria cópias do vírus, que são inclusive espalhadas para outras partes do corpo. A descoberta ajuda a explicar por que a Covid-19 pode afetar o paladar ou o olfato, entre outras coisas.

“Com base em dados de nossos laboratórios, suspeitamos que pelo menos parte do vírus na saliva seria proveniente de tecidos infectados na própria boca”, afirma Blake Warner, chefe da Unidade de Doenças Salivares do National Institutes of Health, nos Estados Unidos, e autor principal do estudo, publicado na respeitada revista científica Nature.

O experimento foi organizado em três etapas. Na primeira, os pesquisadores examinaram os tecidos orais de pessoas saudáveis para identificar possíveis regiões da boca mais suscetíveis à infecção pelo Sars-CoV-2.

Na segunda parte, eles buscaram evidências de infecção no tecido oral de indivíduos com a Covid-19. E notaram que parte das células das glândulas salivares estavam infectadas, e fazendo novas cópias do agente infeccioso.

Finalmente, para explorar a relação entre certos sintomas da Covid-19 e a presença do vírus na boca, a equipe coletou saliva de um grupo de 35 voluntários com sintomas leves ou assintomáticos. Dos 27 que apresentaram alguma queixa, aqueles com vírus na saliva eram mais propensos a relatar perda de paladar e olfato. Isso sugere — embora não comprove — que a infecção de tecidos na boca ao menos contribua para esses sinais.

“Ao revelar um papel potencialmente subestimado para a cavidade oral na infecção pelo Sars-CoV-2, nosso estudo abre novos caminhos investigativos, levando a uma melhor compreensão do curso da doença. Essas informações também podem ajudar em intervenções para combater o vírus e aliviar os sintomas orais da Covid-19”, afirma Warner.

Os autores ressaltam que mais pesquisas, em um grupo maior de pessoas, são necessárias para confirmar as descobertas. Eles também esperam identificar com mais profundidade a natureza exata do envolvimento da boca na infecção e transmissão do coronavírus.

*Este conteúdo foi adaptado da Agência Einstein.

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