Gripe e cia.: a eterna corrida das vacinas | Veja Saúde

A partir da pandemia da Covid-19, o mundo acompanhou praticamente em tempo real o desenvolvimento de vacinas para um vírus altamente agressivo aos seres humanos, o Sars-CoV-2.

A comunidade científica conseguiu dar uma resposta célere ao problema emergente, e parte dessa conquista se deve aos avanços de diversas áreas da ciência, como a genômica, a biotecnologia e a virologia.

Esta última, que se dedica ao estudo dos vírus em geral, inclusive do causador da gripe, é capaz de produzir as “árvores genealógicas” desses micro-organismos, o que contribui para criação ou atualização de vacinas e medicamentos, além de ajudar a entender o risco de emergência de novos vírus.

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Diante dos surtos recentes de gripe aviária (influenza H5N1) em criações de galináceos e em mamíferos selvagens ao redor do mundo, inclusive na América Latina, especialistas em saúde pública têm voltado suas preocupações para o perigo de a doença se espalhar entre humanos.

Embora esses casos sejam raros, o monitoramento da transmissão entre espécies animais e principalmente entre pessoas é fundamental para evitar que o problema venha a se agravar.

Neste momento, ainda que seja baixa, existe uma possibilidade do H5N1 conseguir realizar a transmissão pessoa-pessoa (o que ainda não ocorreu), assim como aconteceu com o coronavírus Sars-CoV-2, que não apenas adaptou-se à transmissão entre humanos, como foi se aprimorando no decorrer da pandemia com as diversas variantes.

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Da mesma maneira que o H5N1, e todos os outros vírus, os tipos de influenza já adaptados para contaminar seres humanos também se modificam com o tempo. Os influenza A e B, mais comuns como causadores da gripe, sofrem alterações anualmente, continuando a “escapar” das defesas adquiridas nos anos anteriores.

Exatamente por isso as vacinas precisam ser constantemente atualizadas e aplicadas na população.

Os imunizantes têm potencial, inclusive, de ter um efeito protetor contra uma ainda improvável adaptação do vírus H5N1, embora não sejam específicas para esse tipo de influenza.

A barreira vacinal, aliada à memória de proteção às infecções passadas, pode, eventualmente, atenuar a manifestação em caso de contágio humano pela H5N1.

E é preciso ressaltar que a gripe sazonal continua sendo perigosa para os grupos de risco conhecidos, como idosos, gestantes e crianças de 6 meses a menores de 5 anos. Daí a importância da atualização da vacina contra o influenza. Hoje e sempre.

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* José Eduardo Levi é virologista e coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento da Dasa

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